[OLPC Brasil] Projeto UCA: suspeitas de tramóia!

Jaime Balbino jaimebalb at gmail.com
Wed May 6 22:20:20 EDT 2009


Valeu Profa. Deninse.

Mas, retomando o apelo feito aqui pelo Walter Bender: é possível
encontrar um lugar para servir de fomentador oficial do Sugar no
Brasil?

De certa maneira esta questão me deixa muito incomodado. E não tenho
resposta ou sugestão a ela no momento.

Alguém sugeriria alguma coisa?

Jaime Balbino
Learning Designer
Consultor em Automação do Ensino




2009/5/6 Denise Vilardo <dvilardo at gmail.com>:
> Olá, Jaime
>
> obrigada por ter compreendido a minha mensagem.
>
> Obrigada pela paciência de se deter para explicitar melhor a sua opinião
> para todos nós. Os argumentos ficaram claros.
>
> Você sabe tão bem o quanto nos custa 'matar um leão por dia' para fazer as
> coisas acontecerem. Brigamos com a 'máquina' em tempo integral, mas não
> podemos perder de vista que somos pessoas de fazer, de realizar, e que
> também fazemos parte da 'máquina'. Por isso sou muito cautelosa e não gosto
> muito de colocar as coisas em termos de nós X eles.
>
> Te agradeço também porque você é uma pessoa comprometida pra caramba e que
> só tem ajudado a todos nós, todo o tempo, com a sua colaboração incansável,
> suas explicações e críticas.
>
> um abraço
>
> Denise Vilardo
>
> 2009/5/1 Jaime Balbino <jaimebalb at gmail.com>
>>
>> Profa. Denise,
>>
>> Concordo com você quando diz que a rejeição do Mobilis nos testes é
>> uma demonstração de que a "máquina pública" está funcionando. Neste
>> caso específico esta não é uma ação do governo, que é o interessado na
>> compra, a boa burocracia vem da estrutura estatal que possui
>> mecanismos independentes que seguem regras e são fiscalizadas. Esta
>> estrutura garantiria um processo honesto e, acreditem, não existe em
>> sua plenitude na maioria dos nossos vizinhos. Além de ter atingido a
>> maturidade no Brasil apenas nos últimos anos.
>>
>> Porém, um presidente ou governador ou prefeito no Brasil tem somente 4
>> anos de mandato. Diante dessa realidade constitucional como é possível
>> levar adiante projetos complexos se não há prazos para as decisões
>> burocráticas e judiciais? Um ministro do TCU levou 4 meses para
>> decidir deixar a licitação prosseguir. Antes disso tivemos quase 1 ano
>> de espera desde o cancelamento do primeiro pregão, com a desculpa de
>> que o edital seria melhor escrito (e que acabou questionado no TCU).
>> Depois da liberação levou-se 40 dias nos testes de aderência e a
>> consequente rejeição do Mobilis.
>>
>> Agora, se a Comsat ou algum outro concorrente questionar o resultado
>> nos tribunais, teremos meses ou anos de paralisia...
>>
>> Pode-se argumentar que um projeto não pode ser deste ou daquele
>> governo e que a alternância de poder não pode eliminar as boas
>> iniciativas. Isso é verdade quando os projetos estão implementados ou
>> ao menos bem encaminhados, quando eles nem sequer existem e, ainda por
>> cima, colecionam fracassos de tramitação e polêmicas a tendência é não
>> serem reaproveitados mesmo.
>>
>> O Uruguai é bem menor que o Brasil? Correto. Mas seu projeto nacional
>> já é bem maior do que teria sido o piloto do UCA. Mas não é só uma
>> questão de tamanho. Talvez a estrutura fiscalizadora do Uruguai não
>> esteja tão bem organizada quanto a brasileira, quem sabe por lá a
>> simples vontade do seu presidente baste para comprar 500 mil laptops
>> educacionais. O ponto central aí é que lá, como em outros países, o
>> tempo e o dinheiro tem sido gastos para fazer avançar o que se conhece
>> sobre o ensino com laptops. Nem preciso dizer no que estamos
>> investindo nosso tempo e dinheiro aqui no Brasil...
>>
>> Ainda há um agravante no caso brasileiro: enquanto o Uruguai, por
>> exemplo, não precisou discutir a fabricação local dos laptops, por não
>> ter uma tradição industrial, o Brasil trouxe essa polêmica para o
>> centro do processo de compra. Tudo bem, mas que empresa brasileira
>> pode inovar nesta área tendo que esperar mais de 2 anos pelo fim de
>> uma licitação que pode ser cancelada, suspensa e refeita inúmeras
>> vezes? O próprio Mobilis é um exemplo desse dilema: foram uns 3 anos
>> de desenvolvimento sem grandes incentivos estatais e particulares que
>> agora irão para o limbo depois da reprovação nos testes do UCA, já que
>> a empresa nunca teve condições de financiar a venda do produto no
>> varejo.
>>
>> (Isso não quer dizer que a reprovação não foi merecida. Nunca tive um
>> destes novos Mobilis na mão, nem os vi e também jamais poderia atestar
>> sua qualidade melhor do que faria o MEC. O relatório do pregoeiro deve
>> trazer claramente os motivos da reprovação, mas não duvido que seu
>> fabricante recorra da decisão para garantir a própria sobrevivência e
>> o investimento.)
>>
>> Não sou contra a burocracia e os recursos judiciais. Mas a equação
>> está errada. O tempo que se leva para tomar uma decisão tecnocrática
>> inviabiliza o projeto em si, quando não o pasteuriza, retirando da
>> disputa projetos alternativos e realmente inovadores em benefício de
>> tecnologias já estabelecidas (para outras realidades) e até
>> carterizadas.
>>
>> Termino com um discurso do Presidente Lula feito neste 30 de abril no
>> Rio de Janeiro. Aqui ele desenha a realidade dispare entre a
>> necessidade de avançar e os caminhos pedregosos e tortuosos impostos
>> pelo próprio Estado de Direito brasileiro:
>>
>> "Lula critica burocracia para aprovar investimentos
>>
>> De Lula ao participar da inauguração de um novo laboratório na Coppe/UFRJ:
>>
>> - Você me contou do Tribunal de Contas, eu não vou nem te contar da
>> perereca e do viaduto porque... É o seguinte: o país passou mais de 25
>> anos sem investimento e sem nada porque nós fomos criando uma poderosa
>> máquina de fiscalização que agora é superior à máquina da produção. Se
>> você pegar uma instituição como Caixa Econômica Federal, como o Banco
>> do Brasil e o BNDES, agora, há algum tempo, é que a máquina voltou a
>> investir. O BNDES, que é um banco que é um modelo de exemplo para nós
>> e de orgulho, como a Petrobras, passou parte do seu tempo aprendendo a
>> sanear empresa para ser privatizada e desaprendeu a discutir
>> investimento. Eu lembro que uma vez eu perguntei para um cidadão:
>> quanto tempo você leva entre receber um projeto e aprovar um projeto?
>> (Eram) 265 dias. Não é possível.
>>
>> - Qual era a minha preocupação? No Brasil não basta você ter o
>> dinheiro. Porque com a quantidade de regras que nós criamos para
>> dificultar a utilização do dinheiro, às vezes, você vê a galinha
>> cantando, pensa que ela botou o ovo e ela não bota o ovo nunca.
>>
>> - Juscelino Kubitschek, se fosse eleito presidente e quisesse fazer
>> Brasília hoje, ia terminar o mandato dele sem conseguir a licença para
>> fazer a pista para descer o piloto para começar a estudar o Planalto
>> Central."
>>
>>
>>
>> Jaime Balbino
>> Learning Designer
>> Consultor em Automação do Ensino
>>
>>
>>
>>
>>
>> > 2009/4/30 Denise Vilardo <dvilardo at gmail.com>:
>> >> Olá a todos,
>> >>
>> >> Se, a partir das denúncias feitas (verdadeiras ou não), o governo não
>> >> tomasse atitude alguma, ele seria tachado de omisso. Se para tudo pra
>> >> averiguar, é porque quer emperrar o processo...
>> >>
>> >> Não estou defendendo a lerdeza dos caminhos burocráticos, porque eles,
>> >> certamente, mais atrapalham do que ajudam. E também compreendo que
>> >> todos nós
>> >> estamos aguardando ansiosamente a chegada dos laptops às escolas.
>> >>
>> >> Mas continuo acreditando, talvez ingenuamente, que ações dessa natureza
>> >> e
>> >> dimensão exigem muito cuidado, seriedade e responsabilidade.
>> >>
>> >> Sabemos que por trás de tudo existe uma guerra industrial, que não está
>> >> começando agora, e esse me parece mais um bom motivo para que se
>> >> investigue
>> >> o que está realmente acontecendo.
>> >>
>> >> Prefiro aguardar, porque também não acredito em bonzinhos X  mauzinhos.
>> >> As
>> >> instituições existem, mas não são entidades etéreas; são constituídas
>> >> por
>> >> pessoas também dignas - podem acreditar - e que lutam diariamente para
>> >> que
>> >> as coisas funcionem e deem certo.
>> >>
>> >> Dessa lista mesmo participam pessoas altamente comprometidas com o
>> >> Projeto e
>> >> com vasta experiência de trabalho no setor público, portanto, sabem bem
>> >> do
>> >> que estou falando.
>> >>
>> >> E, por favor... O Uruguai inteiro tem cerca de 176.215 km², e uma
>> >> população
>> >> estimada em 3,39 milhões. Só o Estado de São Paulo tem 248.209,23
>> >> km²... a
>> >> Cidade do Rio de Janeiro tem mais de 6 milhões de habitantes... O que é
>> >> mesmo que estamos comparando?
>> >>
>> >> E, também, creio que não dá pra acreditarmos que nos outros países tudo
>> >> funcione maravilhosamente bem e que não existam os problemas
>> >> semelhantes aos
>> >> daqui. Vocês sabem melhor do que eu que não é assim que as coisas
>> >> acontecem.
>> >>
>> >> Esse é o nosso país, com todos os contextos histórico-sociais que
>> >> rechaçamos. É aqui, no meio de todos os desacertos, descompassos,
>> >> desafinações que temos a obrigação de fazer melhor. É compromisso dos
>> >> que
>> >> tiveram e ainda teem o privilégio de poder estudar, viver dignamente e
>> >> estar
>> >> aqui, por exemplo, participando dessa lista, como acadêmicos,
>> >> intelectuais e
>> >> profissionais bem sucedidos.
>> >>
>> >> Creio que contribuiremos mais se conseguirmos articular e ampliar essa
>> >> rede
>> >> de pessoas interessadas em discutir esse assunto, com idéias e
>> >> propostas
>> >> para ajudar na implementação do Programa.
>> >>
>> >> um abraço
>> >>
>> >> Denise Vilardo
>> >>
>> >>
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