[OLPC Brasil] Intel Classmate x XO - vale a discussão?

Paulo Drummond ptdrumm at terra.com.br
Tue May 1 22:58:32 EDT 2007


Excelente colocação, Juliano!

Paulo

On May 1, 2007, at 2:34 AM, Juliano Bittencourt wrote:

>
>  Caro Vitor e demais membros da lista,
>
>      Ao ler o seu e-mail tentei imaginar os pressupostos que  
> sustentavam
> a sua resposta e as suas críticas as opiniões que a Profa. Léa tornou
> públicas na reportagem da revista A Rede.
>
>      Penso que sua posição deve-se a uma perda do contexto em que este
> projeto OLPC/UCA insere-se e da história da informática na educação no
> Brasil. Acho que você deveria pesquisar um pouco sobre a trajetória da
> profa. Léa na Internet, para saber refletir com mais clareza sobre as
> alegações que ela realizou na referida reportagem, principalmente
> pensado nos pressupostos nos quais ela sustenta seu discurso.
>
>      Também tenho certeza que a profa. Léa não quis desrespeitar
> aquelas pessoas que dedicam-se ao Marketing. Entretanto, com base nas
> suas próprias definições da função do "marqueteiro", você deve  
> concordar
> comigo que essa profissão insere-se no contexto de uma lógica
> corporativa e de mercado. E ai devo trazer o seu primeiro equivoco,
> aliás muito comum nas pessoas que acompanham esse projeto. Esse não  
> é um
> projeto que se enquadra em uma lógica de mercado (apesar de não  
> existir
> sem alguns compromissos com ela). Trata-se mais de um *projeto
> humanitário* para possibilitar o desenvolvimento intelectual a milhões
> de crianças, cujas condições do ambiente onde vivem não  
> proporcionam os
> elementos necessários para tal. Nesse sentido, é um projeto de  
> melhoria
> da qualidade da educação, não de inclusão digital.
>
>      Sobre a questão dos marqueteiros com pretenções de professores,
> acredito tratar-se isso de um desabafo da profa. Léa em relação a como
> são tratados os pesquisadores e profissionais de educação no Brasil  
> e no
> mundo. Por todos nós termos passado por um processo de escolarização,
> julgamo-nos, na maioria das vezes, aptos a opinar com propriedade  
> sobre
> educação. Isso fica evidente seja quando conversamos com os  
> professores
> dos nossos filhos ou em listas como essa. A profa. Léa tem mais de 55
> anos de envolvimento com educação, 25 como professora e mais 30 como
> pesquisadora da universidade. É profunda conhecedora dos processos de
> aprendizagem do ser humano e, apesar de ter escolhido a teoria de  
> Piaget
> como principal referência teórica, também entende muito sobre os
> pressupostos fundantes da escola (tradicional) na modernidade. Ela
> compreende como poucas pessoas os campos de matemática, lógica e
> linguística, esta última principalmente no que se refere ao
> desenvolvimento da linguagem na criança. Se existem algumas pessoas no
> Brasil capazes de opinar com propriedade sobre propostas  
> pedagógicas no
> uso do computador na educação, com certeza ela é uma delas.
>
> Acredito que a sua frase abaixo é um bom ponto de referência:
>
> "Pedagogos criando processadores e computadores. A tecnologia dos
> educadores? Inexistente!"
>
>
> Questiono-me se alguém em sã conciência contrataria um pedagogo para
> construir um computador. Nesse sentido, concordo com o que você  
> fala, de
> que o conhecimento sobre tecnologia dos educadores em relação as
> necessidades técnicas para o desenvolvimento de um professador ou
> computador é tão pequena, que é praticamente inexiste. Mas o inverso
> também não seria verdadeiro? De que os conhecimentos sobre educação  
> dos
> técnicos, marqueteiros, administradores, etc, é tão superficial e
> centrado em suas experiências pessoais que poderia ser considerado
> inexistente?
>
> Por último gostaria de esclarecer a importância da existência de uma
> proposta pedagógica adequada para o projeto UCA, indiferente da  
> escolha
> do equipamento. O ser humano tem uma forte tendência a conservação. Da
> mesma forma, nossas instituições tendem muito mais a conservação do  
> que
> a inovação. Mesmo dentro da tecnologia, como seguido nos lembra Alan
> Kay, muito pouco de realmente revolucionário se realizou nos  
> últimos 25
> anos. Hoje apenas colhemos os frutos dos pioneiros do passado. Se
> colocarmos laptops apenas na escola, sem uma proposta associada, a
> instituição escolar acabará por absorver esses equipamentos nos seus
> moldes de funcionamento atual. Não haverá ruptura e, consecutivamente,
> não ocorrerá inovação nem significativa qualificação da educação.
> Precisamos de um modelo 1:1 que represente a ruptura com a escola do
> passado e a construção de um novo modelo de escola.
>
> Concordo com você que não existe a necessidade de polarização. Mas
> discordo na sua compreensão sobre esse termo: polarização. Acho que
> seria salutar a existência de alternativas ao XO. Entretanto, penso  
> que
> essas iniciativas também devem ser fruto de uma iniciativa para
> construir um equipamento voltado para educação, sustentado por  
> pesquisas
> sobre a inserção do computador no processo de aprendizagem do  
> aluno. Mas
> penso que a sua visão sobre polarização refere-se  a não opção  
> clara por
> modelo X ou Y.  Nesse sentido penso que temos a obrigação de trazer  
> para
> a discussão nossas opiniões sustentadas por fatos.
>
> Desculpe-me se me estendo demais. Também peço desculpas caso tenha  
> sido
> indelicado em algum momento. Entretanto, também gostaria de pedir um
> pouco mais de sensibilidade ao expressar algumas de suas opiniões
> referentes a Profa. Léa. Não sei se foi esse o seu intuito,  
> acredito que
> não, mas certas observações em seu e-mail poderíam ser consideradas
> ofensivas, falando que as falas da profa. a citada revista nascem de
> "traumas" e "frustrações", sendo que as opiniões da Léa sustentam- 
> se em
> pesquisas realizadas desde 1982 sobre a uso do computador para o
> desenvolvimento intelectual de crianças de escolas públicas.
>
> Atenciosamente,
>
>
> Juliano Bittencourt
>
>
>
>
> Vitor Tokoro - GI escreveu:
>> Em referência à transcrição (parcial) do artigo da Profa. Léa, eu não
>> entendo porque um assunto de tamanha importância como inclusão  
>> social,
>> geração de oportunidades, educação, melhoria na qualidade de vida das
>> pessoas tem que ser tão polarizada.
>>
>> Somo um país de alfabetizados funcionais, um país que tem medo de  
>> acabar com
>> o voto obrigatório porque acabaria com seu curral eleitoral e que  
>> onde, nós,
>> que fazemos parte da elite que tem acesso a computadores e  
>> internet, que tem
>> acesso à educação e à informação fica discutindo se esse  
>> computador ou
>> aquela iniciativa é melhor do que a outra. Temos um cenário claro  
>> à nossa
>> frente, que só não enxerga quem não quer, de extrema carência.  
>> Carência de
>> educação, de saúde, de comida, de informação.
>>
>> Neste Brasil que vivemos, o Brasil real, não o Brasil de fóruns e  
>> discussões
>> filosóficas, tem espaço para TODAS iniciativas. Boas ou ruins.  
>> Existe um
>> jogo de interesse por trás disso tudo? Claro, sempre há. Tanto  
>> para os que
>> defendem o XO quanto para os que defendem o Classmate. Alguém (ou  
>> "alguéns")
>> se dará bem se este ou aquele programa for posto em prática, mas o  
>> maior
>> beneficiado no longo prazo será a coletividade.
>>
>> Como se explica a uma criança que comer McDonald's faz mal e que é  
>> melhor
>> ela comer aroz-com-feijão-bife-e-salada se ela nunca experimentou
>> McDonald's? Todos têm o direito de experimentar. A mim me parece  
>> que aqueles
>> que tentam influenciar o uso de determinada tecnologia  
>> idealísticamente
>> deveria ter um pouco mais de grandeza de pensamento e abraçar  
>> TODAS as
>> causas. O tempo se encarregará de criar uma base histórica para  
>> que se possa
>> fazer um benchmarking adequado e, aí sim, tomar um determinado  
>> partido.
>>
>> E aqui também faço a defesa de "marqueteiros" e administradores.  
>> Sem essas
>> duas classes nenhuma das duas iniciativas acima citadas estariam  
>> aqui e esta
>> discussão simplesmente não estaria acontecendo. O profissional de  
>> marketing
>> estuda o mercado, coleta informações, faz análises de dados que  
>> podem ser
>> usadas tanto para lançar um novo produto, uma nova estratégia ou  
>> eleger o
>> presidente da república. Os administradores são profissionais que,  
>> como o
>> próprio nome diz, gerem um negócio. Em ambas categorias a  
>> informação é a
>> base de tudo e que, para quem não sabe, como em outras profissões,  
>> também
>> faz usao da ciência . Saber usá-la sabiamente é um dom.
>>
>> Por isso, acredito que pedagogos, pesquisadores, cientistas,  
>> "marqueteiros",
>> administradores, tecnólogos e todas as outras profissões mereçam o  
>> devido
>> respeito.
>>
>> "Marqueteiros "treinando" professores! A pedagogia da Intel ?  
>> grotesca!".
>>
>> Que frase é essa? E que tal:
>>
>> "Pedagogos criando processadores e computadores. A tecnologia dos
>> educadores? Inexistente!"
>>
>> Nenhuma das duas faz sentido.
>>
>> Gosto deste fórum, mas vamos deixar os preconceitos raciais, sociais,
>> sexuais, profissionais e quaisquer outros do lado de fora. Cada um  
>> que lide
>> com suas próprias frustrações e traumas.
>>
>> Vamos fazer deste espaço um celeiro de idéias sem travas visando o  
>> benefício
>> maior que é ver nossas crianças terem acesso à educação e à  
>> informação. Não
>> tiro o mérito de um método de ensino voltado ao melhor  
>> aproveitamento da
>> tecnologia, mas como já disse e provou o Prêmio Nobel da Paz,  
>> Prof. Muhammad
>> Yunus com seu Grameen Bank e sua Telefônica Grameen, dê  
>> oportunidade aos
>> pobres de acesso à tecnologia e você estará lhes abrindo uma imensa e
>> fascinante janela para o mundo. Eles se encarregarão de criar um novo
>> mercado com novos modelos de uso.
>>
>>
>> Atenciosamente,
>> Vitor Tokoro.
>>
>> -----Mensagem original-----
>> De: brasil-bounces at laptop.org [mailto:brasil-bounces at laptop.org]  
>> Em nome de
>> brasil-request at laptop.org
>> Enviada em: segunda-feira, 30 de abril de 2007 13:00
>> Para: brasil at laptop.org
>> Assunto: Brasil Digest, Vol 14, Issue 33
>>
>> Send Brasil mailing list submissions to
>> 	brasil at laptop.org
>>
>> To subscribe or unsubscribe via the World Wide Web, visit
>> 	http://mailman.laptop.org/mailman/listinfo/brasil
>> or, via email, send a message with subject or body 'help' to
>> 	brasil-request at laptop.org
>>
>> You can reach the person managing the list at
>> 	brasil-owner at laptop.org
>>
>> When replying, please edit your Subject line so it is more specific
>> than "Re: Contents of Brasil digest..."
>>
>>
>> Today's Topics:
>>
>>    1. Classmate j? tem rede mesh em Pira? ( Jos? Antonio )
>>    2. Lea Fagundes vota o dedo na ferida: ( Jos? Antonio )
>>    3. Id?ia de educa??o da Intel/Positivo ? uma piada de mau gosto
>>       ( Jos? Antonio )
>>
>>
>> --------------------------------------------------------------------- 
>> -
>>
>> Message: 1
>> Date: Sun, 29 Apr 2007 21:48:04 -0100
>> From: " Jos? Antonio " <joseantoniorocha at gmail.com>
>> Subject: [OLPC Brasil] Classmate j? tem rede mesh em Pira?
>> To: "OLPC Brasil" <Brasil at laptop.org>
>> Message-ID:
>> 	<e1fc705b0704291548w1c77245l820c8afb5335f316 at mail.gmail.com>
>> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
>>
>> A informa??o est? na ?tima mat?ria sobre redes digitais municipais em
>> http://www.arede.inf.br/index.php? 
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