[OLPC Brasil] sobre o ensino com os laptops

Sergio Lima cp2 at sergioflima.pro.br
Sat Mar 3 12:40:05 EST 2007


Olá Denise e todos!


Fantástica esta tua intervenção. Uma das grandes dificuldades será esta!
Convencer as "autoridades escolares locais" da necessidade desta ruptura
(e também dos professores!).

Eu trabalho numa escola de 162 anos (Colégio Pedro II - RJ)!
Tradicional. E vamos começar este ano a testar o uso de notebooks
tradicionais no ensino médio...

Aqui os departamentos (disciplinares) quase não conversam entre si e a
secretaria de ensino (um órgão gestor e executivo local) acha que
cumprir "os programas" (que diga-se de passagem são quase os mesmo há
100 anos!) é a única métrica de qualidade!


Romper com a tradição disciplinar (impregnada na nossa formação) e
vencer a inércia burocrática/administrativa será uma batalha a mais a
ser travada!


[]'s

Denise Vilardo escreveu:
> Companheiros da lista,
> 
> Vamos retomar algumas questões pedagógicas, tentando avançar um pouco?
> 
> Já conversamos por aqui, anteriormente, sobre a necessidade de uma revisão
> radical do que vamos ensinar e como, a partir da utilização das pequenas
> máquinas com os nossos alunos.
> 
> Vamos pro miudinho...
> 
> Algumas premissas sobre as quais já falamos:
> 
>   - que o uso das máquinas deve ser rotineiro e não eventual;
>   - que não é arremedo de livro didático;
>   - que devemos trabalhar na perspectiva do letramento;
>   - que é importante que os alunos formulem suas próprias idéias a
>   respeito das coisas e os professores irão mediando a lógica que permeia a
>   idéia de cada um;
>   - que as atividades tenham caráter lúdico, baseadas no "aprender
>   fazendo";
>   - que as atividades sejam provocativas, instigantes, contextualizadas,
>   integradas e integradoras;
>   - que as atividades tenham um desafio a ser desvendado, um conflito a
>   ser resolvido;
>   - que as atividades gerem sempre uma produção do aluno, textual, ou de
>   imagens ou utilizando a axpressão do próprio corpo;
>   - que as atividades colaborativas sejam intensamente estimuladas;
>   - que cada turma tenha o seu blog, a sua agenda, o seu glossário;
>   - que a avaliação seja contínua, processual, sem perder de vista que a
>   aprendizagem sempre avança, que é quase impossível "desaprender";
>   - a base curricular: Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais.
> 
> Vamos continuar avançando um pouco mais...
> 
> Na medida em que *entendemos a aprendizagem como construção de conceitos e
> conhecimentos, e que isso significa, (a grosso modo) relacionar o
> inicialmente desconhecido, com algo conhecido (que pode ser outro
> conhecimento ou uma sensação – um cheiro, um sabor)  o que nos remete a um
> terceiro movimento, de "internegociação" desses fatores: desconhecido +
> conhecido = novo conhecido, mais ampliado, e que isso não tem limite,
> perguntamos: *como* *"parametrizar" algo que não tem limite? Quem vai
> acionar o "pare"? Como vamos limitar a aprendizagem e as possibilidades de
> links (desconhecido + conhecido = novo conhecido)?
> 
> 
> 
> De qual organização curricular estamos falando? O que existe foi pensado
> para outro momento, para outras expectativas, para outro projeto de
> sociedade. Nós temos que pensar, sim, em como utilizar com sabedoria a
> máquina, para que ela nos sirva bem e cada vez melhor, nos tornando pessoas
> melhores do que somos hoje, disso não tenho a menor dúvida, pois só assim
> isso tudo faz sentido.
> 
> 
> 
> Mas, pra que isso possa acontecer, temos que mudar tudo, radicalmente tudo!
> 
> 
> 
> Vamos pensar mais um pouco:
> 
> 
> 
> da quantidade de alunos a serem orientados (em classes? Em turmas? Cada um
> onde quiser?) ao tratamento curricular. O que pode ser proposto, é fácil
> prever, planejar, mas o onde vai dar, não!
> 
> 
> 
> De novo, pensando no miudinho...
> 
> 
> 
> Imaginem que eu tenha uma turma de alunos de 9/10 anos, sou professora em
> Belém, e numa segunda-feira, pergunto às crianças quem assistiu ao clássico
> no domingo anterior – Remo X Paissandu – porque a minha intenção era,
> inicialmente, desenvolver a oralidade, a argumentação, o saber ouvir etc.
> Depois desse início, vamos para as nossas pequenas máquinas, conhecer um
> pouco mais os times de futebol do nosso Estado; pesquisamos, discutimos um
> pouco mais e chegamos à análise da origem da palavra *futebol*, por
> exemplo,
> e fomos "passear" pela Inglaterra, discutir a atitude dos *hooligans* e, a
> partir daí, emendar num panorama sobre a organização da sociedade inglesa e
> desaguar na monarquia britânica etc. Isso não é previsível. Se esse,
> atualmente, pode ser considerado um acontecimento eventual, que pode
> ocorrer
> em qualquer sala de aula, devido ao interesse dos alunos, *com as pequenas
> máquinas não será eventual*! Essa será a rotina, porque esse é o grande
> "barato" da navegação na web... poder navegar por todos os cantos do mundo
> (do conhecimento), sem limites.
> 
> 
> 
> *Isso significa mudar não apenas a questão metodológica, mas também
> questionar e ressignificar incansavelmente os conteúdos. E ter a certeza
> que
> os grupos de alunos se organizarão de modos diferentes e terão formações
> diversas.*
> 
> * *
> 
> *Temos que pensar... esse modelo que temos, atualmente, não comporta o que
> vem por aí. *
> 
> * *
> 
> *Grande abraço*
> 
> * *
> 
> *Denise Vilardo*
> 
> * *
> 
> 
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