[OLPC Brasil] sobre o ensino com os laptops

Denise Vilardo dvilardo at gmail.com
Fri Mar 2 00:58:56 EST 2007


Companheiros da lista,

Vamos retomar algumas questões pedagógicas, tentando avançar um pouco?

Já conversamos por aqui, anteriormente, sobre a necessidade de uma revisão
radical do que vamos ensinar e como, a partir da utilização das pequenas
máquinas com os nossos alunos.

Vamos pro miudinho...

Algumas premissas sobre as quais já falamos:

   - que o uso das máquinas deve ser rotineiro e não eventual;
   - que não é arremedo de livro didático;
   - que devemos trabalhar na perspectiva do letramento;
   - que é importante que os alunos formulem suas próprias idéias a
   respeito das coisas e os professores irão mediando a lógica que permeia a
   idéia de cada um;
   - que as atividades tenham caráter lúdico, baseadas no "aprender
   fazendo";
   - que as atividades sejam provocativas, instigantes, contextualizadas,
   integradas e integradoras;
   - que as atividades tenham um desafio a ser desvendado, um conflito a
   ser resolvido;
   - que as atividades gerem sempre uma produção do aluno, textual, ou de
   imagens ou utilizando a axpressão do próprio corpo;
   - que as atividades colaborativas sejam intensamente estimuladas;
   - que cada turma tenha o seu blog, a sua agenda, o seu glossário;
   - que a avaliação seja contínua, processual, sem perder de vista que a
   aprendizagem sempre avança, que é quase impossível "desaprender";
   - a base curricular: Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais.

Vamos continuar avançando um pouco mais...

Na medida em que *entendemos a aprendizagem como construção de conceitos e
conhecimentos, e que isso significa, (a grosso modo) relacionar o
inicialmente desconhecido, com algo conhecido (que pode ser outro
conhecimento ou uma sensação – um cheiro, um sabor)  o que nos remete a um
terceiro movimento, de "internegociação" desses fatores: desconhecido +
conhecido = novo conhecido, mais ampliado, e que isso não tem limite,
perguntamos: *como* *"parametrizar" algo que não tem limite? Quem vai
acionar o "pare"? Como vamos limitar a aprendizagem e as possibilidades de
links (desconhecido + conhecido = novo conhecido)?



De qual organização curricular estamos falando? O que existe foi pensado
para outro momento, para outras expectativas, para outro projeto de
sociedade. Nós temos que pensar, sim, em como utilizar com sabedoria a
máquina, para que ela nos sirva bem e cada vez melhor, nos tornando pessoas
melhores do que somos hoje, disso não tenho a menor dúvida, pois só assim
isso tudo faz sentido.



Mas, pra que isso possa acontecer, temos que mudar tudo, radicalmente tudo!



Vamos pensar mais um pouco:



da quantidade de alunos a serem orientados (em classes? Em turmas? Cada um
onde quiser?) ao tratamento curricular. O que pode ser proposto, é fácil
prever, planejar, mas o onde vai dar, não!



De novo, pensando no miudinho...



Imaginem que eu tenha uma turma de alunos de 9/10 anos, sou professora em
Belém, e numa segunda-feira, pergunto às crianças quem assistiu ao clássico
no domingo anterior – Remo X Paissandu – porque a minha intenção era,
inicialmente, desenvolver a oralidade, a argumentação, o saber ouvir etc.
Depois desse início, vamos para as nossas pequenas máquinas, conhecer um
pouco mais os times de futebol do nosso Estado; pesquisamos, discutimos um
pouco mais e chegamos à análise da origem da palavra *futebol*, por exemplo,
e fomos "passear" pela Inglaterra, discutir a atitude dos *hooligans* e, a
partir daí, emendar num panorama sobre a organização da sociedade inglesa e
desaguar na monarquia britânica etc. Isso não é previsível. Se esse,
atualmente, pode ser considerado um acontecimento eventual, que pode ocorrer
em qualquer sala de aula, devido ao interesse dos alunos, *com as pequenas
máquinas não será eventual*! Essa será a rotina, porque esse é o grande
"barato" da navegação na web... poder navegar por todos os cantos do mundo
(do conhecimento), sem limites.



*Isso significa mudar não apenas a questão metodológica, mas também
questionar e ressignificar incansavelmente os conteúdos. E ter a certeza que
os grupos de alunos se organizarão de modos diferentes e terão formações
diversas.*

* *

*Temos que pensar... esse modelo que temos, atualmente, não comporta o que
vem por aí. *

* *

*Grande abraço*

* *

*Denise Vilardo*

* *
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