[OLPC Brasil] Fwd: Computador a baixo preço nas escolas - Elio Gaspari na Folha de S. Paulo
José Antonio
joseantoniorocha at gmail.com
Mon Jan 8 10:48:10 EST 2007
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From: Lilian <... at gmail.com>
Date: Jan 7, 2007 1:34 PM
Subject: [EADBR] Computador a baixo preço nas escolas - Elio Gaspari na
Folha de S. Paulo
To: eadbr at googlegroups.com
*Computador a baixo preço nas escolas - Elio Gaspari na Folha de S. Paulo*
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*São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2007
Estão cozinhando um novo Fome Zero *
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*Num país onde há 35 mil escolas sem luz, prometer computadores para toda a
rede pública é demagogia *
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VINTE DIAS DEPOIS de sua primeira posse, Nosso Guia namorava a idéia de
distribuir uniformes escolares para 37 milhões de estudantes da rede
pública. O projeto montaria em Brasília uma central de compras e
distribuição de roupas para a serra gaúcha e o cerrado goiano. Felizmente
foi arquivado.
Com outra roupa, o delírio voltou. Lula diz que "vamos ampliar a renovação
do ensino, informatizando todas as escolas públicas". Soa bem, mas é
megalomania perdulária a serviço de grandes negócios e do dispositivo de
propaganda do comissariado. Num país onde há 35 mil escolas sem luz,
prometer computadores para toda a rede é pura demagogia. Para engordar o
superávit primário, o governo entesourou R$ 3 bilhões que deveriam servir a
esse propósito. Não fez o que devia e agora planeja torrar R$ 9,7 bilhões em
cinco anos.
A idéia de comprar computador, seja para uma escola ou uma funerária, sempre
dá uma sensação de progresso. Essa crença é falsa. Noves fora que o
computador precisa de energia, o professor deve saber usá-lo e a escola
precisa conservá-lo. A eficácia dessas máquinas é inversamente proporcional
ao tamanho das iniciativas. Os grandes projetos tendem a produzir grandes
encomendas e pequenos resultados.
Há mais que simples lorotas na cozinha do Planalto. Os sábios planejam a
compra de milhões de computadores e a montagem de uma rede de conexões sem
fio com a internet. Numa ponta está o laptop do professor Nicholas
Negroponte, do Massachusetts Institute of Technology. É um pequeno
computador que pode revolucionar o ensino. Deveria custar US$ 100 por
unidade, mas talvez fique por um pouco mais. Permitindo a substituição
gradual dos livros didáticos, a máquina se paga em quatro anos. Ela ainda
está em fase de testes e o projeto não pode ser apressado pela fome de
propaganda dos governos. Sempre que o Estado diz que vai comprar 1 milhão de
qualquer coisa, computadores ou pregos, sente-se um cheiro de queimado. O
risco aumenta quando se trata de encomendas no mercado de informática,
envolvendo um produto novo. As credenciais de Negroponte justificam alguma
ousadia, pois seu interesse no projeto é basicamente altruísta.
É na rede de conexões sem fio com a internet que mora o maior perigo.
Trata-se de uma tecnologia nova, cuja utilização nos Estados Unidos está na
conta e risco da iniciativa privada. O Google quer montar uma rede dessas em
San Francisco, mas a cidade de Nova York estuda o assunto com grande
cautela. Trata-se de proteger a Bolsa da Viúva contra eventuais avanços
tecnológicos que pulverizam iniciativas, projetos e empresas. Ademais,
sempre que o Estado brasileiro chegar perto da internet deve-se lembrar que,
em 1995, quando a acesso à rede era controlado pela Embratel estatal, havia
20 mil pessoas na fila e os teletecas diziam que só aceitariam 500 novos
usuários por mês.
Se o governo federal sair por aí comprando milhões de computadores e
montando uma rede nacional de conexões sem fio, fabricará um novo Fome Zero.
Produzirá peças de propaganda e empregos para o comissariado.
Em alguns lugares (ricos) o projeto dará certo. Em outros (pobres) atolará.
Alguns equipamentos virarão micos tecnológicos. Surgirá uma geração de
burocratas da internet que procurará impor serviços estatais monopolistas ao
mercado.
A idéia de botar computadores e internet nas escolas é boa. O que não dá
resultado é o atrelamento de boas idéias a projetos megalomaníacos e
aloprados que têm mais a ver com a propaganda do que com o ensino.
--
Lilian Starobinas
http://discursocitado.blogspot.com
http://www.webhistoria.com.br/lilianstarobinas.htm
--
nome: "José Antonio Meira da Rocha" tratamento: "Prof. MS."
atividade: "Ensino e pesquisa em mídias digitais"
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