[OLPC Brasil] Parabéns pelas considerações.

Pereira pereira at insignesoftware.com
Thu Feb 8 07:10:41 EST 2007


Prezados Américo e Jaime,


Fiquei muito satisfeito, podendo relembrar estes fatos históricos que
fazem parte determinante  no presente e futuro do mercado de
informática. As considerações foram precisas, e demonstram que quem
sobrevive é aquele com capacidade e flexibilidade para se adaptar às
mudanças impostas pelo mercado, ou inovam.


Valeu,


João Pereira da Silva Jr.
Diretor de Negócios Estratégicos Insigne
019 3213-2100   019 9771-6740
pereira at insignesoftware.com
www.insignesoftware.com 

.Qui, 2007-02-08 às 09:20 -0200, Jaime Balbino escreveu:

> Concordo plenamente com você, Américo. Também imaginava isso. Você
> ajudou a cobrir algumas lacunas no meu raciocínio, principalmente com
> relação a visão da IBM sobre o mercado de PCs.
> 
> É curioso, porque a HP conseguiu manter a perspectiva de
> alta-qualidade em suas calculadoras mesmo com a diversificação do
> mercado. E ela conseguiu aderir também, de forma competitiva, a este
> paradigma de "baixa-qualidade" dos PCs sem diminuir sua atuação em
> outros mercados mais exigentes (médico, por exemplo).
> 
> É curioso também porque ela não aceitou o projeto de computador
> pessoal de seu funcionário
> Steve Wosniak. Daí saiu a Apple. Que mais tarde chegou a dar garantia
> para "toda a vida" em seus produtos.
> 
> Olhar a história dos microcomputadores sob o paradigma da qualidade
> traz outras perspectivase levanta outras questões.
> 
> Valeu Américo!
> Jaime Balbino.
> 
> 
> Em 08/02/07, Americo Damasceno<adamascj at hotmail.com> escreveu:
> >
> >
> >
> >
> > Jaime,
> >
> > Nós da IBM (digo isso por ter passado toda a minha vida profissional lá,
> > apesar de hoje estar aposentado) tínhamos um compromisso com um padrão de
> > qualidade muito alto. Nossa visão de engenharia de computador era como a
> > visão do engenheiro aeronautico: a possibilidade de falha tem que ser
> > mínima. Como se faz isso? Quando você entra na cabine de um avião acha que
> > está vendo uns 500 reloginhos diferentes. Não são 500, são 250. Tudo é
> > duplicado porque se um falhar o outro garante. Num mainframe IBM (que foram
> > as máquinas com que trabalhei mais) quase tudo é duplicado ou triplicado. A
> > confiabilidade é maior que 99 porcento. Por isso um mainframe custava mais
> > de 1 milhão de dólares. Quando se resolveu criar o IBMPC, nós não
> > acreditávamos num uso comercial duma máquina que tinha um grau de
> > confiabilidade tão baixo. Igualmente não acreditávamos no uso comercial da
> > internet, que até hoje,, todo mundo sabe,   é completamente insegura. Víamos
> > tanto o PC quanto a Internet como viáveis para uso por estudantes,
> > professores, hobbyistas etc.
> >
> > O mercado, o público em geral, no entanto ficou fascinado (e ainda é
> > fascinado até hoje) com o uso de computadores. Realmente é fascinante mesmo.
> > Apesar de estar no ramo desde 1969 (quase 40 anos!) ainda me entusiasmo com
> > coisas que aparecem como rede mesh etc. E o público aceitou trabalhar com
> > produtos de baixa qualidade (é claro que essa qualidade vem melhorando). E
> > houve um boom de vendas de PC para empresas. Quando a IBM viu que isso
> > estava acontecendo, tentou criar um PC com uma qualidade um pouco melhor (e
> > com uma arquitetura e sistema operacional proprietários). Não funcionou. Foi
> > como o caso do BetaMax e do VHS. A Sony criou os dois formatos. O BetaMax
> > era bem superior e ela liberou o VHS para o mercado. Não achou que uma
> > porcaria daquelas ia fazer grande sucesso. Poderia atingir um mercado de
> > baixo preço, apenas. Que não é o "mercado Sony". Mas o VHS se disseminou e
> > matou o BetaMax.
> >
> > Hoje, a visão da IBM (é o que acho; não sou autorizado para falar em nome da
> > IBM, claro - é apenas a constatação do que observo) é de que
> > micro-computador é uma commodity. É como gasolina. Toda gasolina, de
> > qualquer posto, é 99 porcento igual.  E uma commodity tem sempre uma margem
> > de lucro muito baixa, porque o número de players no mercado não tem limites.
> > Assim, a IBM está se  transformando, cada dia mais, numa empresa de serviços
> > e não de venda de máquinas. No último anos, serviços já passou de 60 por
> > cento no total do seu lucro. Ela continua fabricando seus mainframes (para
> > quem precisa de máquinas  com alta confiabilidade) e projetos especiais como
> > o hardware de consoles de games, aparelhos médicos etc.
> >
> > Mas, voltando ao nosso XO: partindo dessa idéia de que micro-computador é
> > uma commodity, fácil de fazer igual, é  que vejo o marketing da Intel um
> > pouco equivocado se estão tentando concorrer com o XO. Imagine que você abra
> > uma cadeia de postos de gasolina sem fins lucrativos. Não dá para concorrer.
> > O ClassMate optou por uma configuração mais potente (e mais cara) que o XO.
> > Mas eles podem fazer um clone do XO, se quiserem. Assim como a OLPC Inc.
> > pode fazer um clone do ClassMate se quiser. O diferencial aqui é que a OLPC
> > Inc. não visa lucro. Assim, não é fácil concorrer com ela. É claro que a
> > Shell pode dizer que sua gasolina tem ICA ou DNA ou qualquer outra tentativa
> > de diferenciar seu produto, mas a realidade é que é toda gasolina é 99
> > porcento igual.
> >
> > O que eu acho é que a Intel está tentando minar a idéia de que um computador
> > "pelado", de baixa sofisticação também é viável. Isso contraria toda um
> > planejamento de marketing de puxar o mercado sempre para coisas mais
> > sofisticadas. Eu me lembro que a gente comentava na IBM sobre o
> > micro-computador: "Isso é uma fria em termos de negócio, vai virar relógio
> > ou calculadora". E tentávamos (agora se conseguiu) sair fora disso. Meu
> > palpite é que micro-computador vai "virar relógio" e daqui a pouco vai ter
> > camelô vendendo XO-likes a 50 reais na Avenida Paulista.
> >
> > Se a Intel  e Microsoft não acordarem a tempo e sairem dessa (como a IBM
> > saiu) suas ações podem virar mico.
> >
> > Quem viver verá.
> >
> > ________________________________
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> 
> 

João Pereira da Silva Jr.
Diretor de Negócios Estratégicos Insigne
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