[OLPC Brasil] Brasil Digest, Vol 14, Issue 27
Denise Vilardo
dvilardo at gmail.com
Tue Apr 24 11:15:48 EDT 2007
Olá, companheiros! É muito bom esse movimento das pessoas aqui da lista,
discutindo a Educação.
Gostaria de acrescentar a essa última mensagem da Jenny, o texto que segue,
ampliando a discussão que já rola por aqui há algum tempo.
E, também acrescentando ao que já dissemos anteriormente, é bom estarmos
atentos para duas coisas:
- os professores têm que se apropriar das possibilidades que as
máquinas oferecem, seja através dos incontáveis softwares, seja através da
própria web. E quando falo em apropriação, é mais do que simplesmente
conhecer, é fazer, é decifrar quais habilidades cognitivas estão envolvidas
nos diferentes processos ao se realizarem atividades, jogos, ao participarem
de projetos coletivos etc. para que, ao proporem situações de aprendizagem
para os seus alunos, isso seja realmente uma situação de aprendizagem,
conseqüente. Mas para que isso ocorra, os professores têm que aprender isso.
Não é basta fazer mini-cursos para aprender a utilizar os atalhos do
teclado... o que nos leva à segunda questão que temos que nos lembrar.
- estamos no olho do furacão, em pleno processo de mudanças, radicais,
no que se refere à alteração de paradigmas que, até então, têm sido vistas
como verdades perenes. Estamo falando que os alunos não dependem mais da
ação docente tradicional para aprender (e se já sabíamos disso, agora é cada
vez mais concreto). Estamos falando de uma sala de aula sem muros, onde os
meninos têm acesso às informações e ao conhecimento, muitas vezes, antes dos
professores (que é outro fator desestabilizador). Portanto, esse momento que
estamos vivendo é perfeitamente previsível em se tratando de todo mundo
palpitar os prós e contras.
Isso tudo me faz lembrar da febre que vivemos há alguns anos, quando
começaram a chegar os aparelhos de vídeo-cassete nas escolas, e que enquanto
alguns professores se apavoraram com o fato, achando que "agora é que a
educação acabou mesmo", outros achavam que devia haver uma tv com vídeo em
cada sala de aula, senão não poderiam dar aulas... Hoje, temos professores
que não abrem mão de ilustrar as suas aulas, trazendo filmes, documentários,
sempre procurando ampliar as possibilidades de aprendizagem; coexistindo
com outros que "colocam os alunos para assistirem TV" (não importa que seja
um programa nada educativo, na verdade, é o que estiver passando na
programação naquele momento), para que eles fiquem acomodados, "quietos",
em algum lugar.
- Levantando só mais uma pequena lebre... Se fizermos uma análise,
como as que temos visto, também será fácil concluir-se que os filmes são
desnecessários para aprendizagem... afinal, o menino que assiste Matrix,
Ilha da Flores ou Procurando Nemo e discute com o seu professor sobre
relacionamento humano - no nível que for - não necessariamente saberá
formular equações ou distinguirá as orações subordinadas, mas certamente
terá pensado sobre as atitudes humanas e isso é Educação!
Sendo assim... da mesma maneira que filme não melhora nota, computador
também não melhora nota... o que não significa que não existam belíssimos
trabalhos de aprendizagem sendo feitos com computadores. O que também nos
leva a pensar de quais notas estamos falando, e pra que elas servem... mas
isso é outro papo, pra outra mensagem, que esta já está extensíssima.
Portanto, há muito que se caminhar. Ainda teremos que lidar com muitas
incongruências e incoerências.
Um grande abraço a todos
Denise Vilardo
p.s. continuo recebendo as mensagens sem o reconhecimento dos acentos e
cedilhas, alguém sabe o que pode ser? Não importa a máquina que eu esteja
usando.
Na Folha de S. Paulo, 23/04/2007.
Computador em escola não melhora nota
Dois estudos mostram que acesso à informática não influencia
positivamente o desempenho do aluno e pode prejudicar ensino
O uso da internet fora dos horários de aula distrai estudante e pode
ser responsável por piora em português e matemática
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O uso de computadores nas escolas não melhorou o desempenho dos alunos
em português e matemática, aponta um exame feito pelo MEC (Ministério
da Educação).
Essa conclusão surpreende entusiastas do uso de novas tecnologias no
ensino e consta em dois estudos realizados a partir do Saeb (Sistema
de Avaliação da Educação Básica), principal meio para avaliar a
qualidade da educação.
Um deles foi feito pelo economista Naercio Menezes Filho, professor da
Universidade de São Paulo e do Ibmec-SP.
Comparando alunos de mesmo perfil socioeconômico e no mesmo ambiente,
a média em matemática em escolas públicas ou privadas onde estudantes
têm acesso a computadores não difere de forma significativa da de
crianças em escolas sem computador ou internet.
O único efeito positivo de computadores no desempenho, segundo
constatado por Menezes Filho, aparece quando o aluno tem acesso a eles
e à internet em casa.
O outro estudo foi conduzido na Alemanha pela pesquisadora Maresa
Sprietsma, do Centro de Pesquisas Econômicas Européias. Também com
base no Saeb, ela concluiu que a presença de computadores em escolas
brasileiras afeta negativamente o desempenho dos alunos em português
e, principalmente, em matemática.
Tanto Menezes Filho como Sprietsma alertam que, pelo Saeb, não é
possível saber que tipo de uso do computador está sendo feito. "Não
sabemos, por exemplo, se os alunos estão utilizando os computadores
fora do horário de classes de informática ou que tipo de atividade
pedagógica acontece nos laboratórios"
diz Sprietsma.
Falta orientação
Para Menezes Filho, o tipo de uso que o aluno faz do equipamento pode
ajudar a explicar por que quando há computador em casa há efeitos
positivos no aprendizado, enquanto o mesmo não acontece no caso de
computadores na escola.
"Talvez esteja faltando em muitas escolas um professor que oriente o
aluno a usar o computador, enquanto em casa essa tarefa está sendo
feita pelos pais", afirma ele.
Já Sprietsma sugere duas hipóteses para explicar o efeito negativo da
presença de computadores no desempenho.
A primeira é que os alunos que usam o laboratório fora do horário
escolar, para acessar a internet ou entrar em salas de bate-papo,
estariam deixando de fazer outras atividades importantes para o
aprendizado, como os deveres de casa.
A segunda é que escolas que investiram em laboratórios de informática
podem ter deixado de usar seu orçamento em outros recursos
pedagógicos, que podem ser mais efetivos.
Computador é importante
Os dois pesquisadores alertam que seus estudos analisam apenas o
efeito no desempenho em português e matemática. "Para a economia, é
importante que a população seja alfabetizada digitalmente. Não se deve
concluir que o investimento em computadores nas escolas é inútil",
aponta a pesquisadora do Centro de Pesquisas Econômicas Européias.
O professor do Ibmec e da USP concorda: "É importante ter computador
na escola para ser usado ao menos pelo diretor ou para que os alunos
se acostumem a usar essa ferramenta, que será importante para seu
desenvolvimento profissional. O que está errado é dizer que o
computador, por si só, vai melhorar o desempenho".
Para ele, a advertência vale tanto para subsidiar gestores públicos na
hora de implementarem suas políticas como para pais que matriculam
seus filhos em escolas particulares.
"Vejo às vezes escolas privadas utilizando vários computadores em cada
sala de aula, mas, se o professor não ensinar bem matemática e
português, ou não souber usar o computador como ferramenta de ensino,
de nada adiantará", completa.
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>
> Message: 1
> Date: Mon, 23 Apr 2007 00:40:49 -0300
> From: "Info-Educativa" <info-educativa at melhorart.com>
> Subject: [OLPC Brasil] [BULK] Excelente artigo!
> To: "OLPC Brasil" <Brasil at laptop.org>
> Message-ID: <000901c78559$30360a60$6500a8c0 at home>
> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
>
> O projeto OLPC, sem d?vida, possui todas as possibilidades de eliminar
> quase completamente muitas car?ncias da educa??o. Proporcionar a real
> democratiza??o do ensino, mas o X0 sozinho n?o muda "as cabe?as", assim como
> a TV, o cinema, o livro, o DVD...
> Excelente artigo de Frederick Montero, citando nosso "colega de lista", o
> Jaime.
> "Por melhores que as solu??es tecnologias possam ser, o contato humano
> entre professor e aluno ? uma experi?ncia rica e motivadora. Mesmo que eu
> possa aprender por conta pr?pria, lendo livros e artigos ou assistindo a
> filmes e v?deos, o professor ? a figura central no aprendizado que incentiva
> o aluno a apaixonar-se por um tema (ou a odi?-lo tamb?m). Mas na falta da
> presen?a f?sica do professor para motivar o aluno pessoalmente, a educa??o ?
> dist?ncia se v? obrigada a enriquecer a experi?ncia educativa do aluno,
> fornecendo meios e ferramentas que se autocompletem, formando uma rede de
> informa??es, conhecimentos e relacionamentos pessoais que possam amparar o
> aluno e o professor na sua sede por conhecimento, como o descrito no artigo
> A Escola de Maria, da coluna Educa??o e Tecnologia."
>
> Artigo na ?ntegra:
> http://www.dicas-l.com.br/filosofiadigital/filosofiadigital_20070420.php
>
> "As cabe?as" precisam ser mudadas, o olhar da educa??o, do professor tem
> que mudar, e ele precisa se ver dentro desse processo. Caso contr?rio, tudo
> corre o risco de ser mais um modismo...
>
> Jenny Horta
>
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