[OLPC Brasil] Re: Brasil Digest, Vol 10, Issue 32
Jaime Balbino
jaimebalb at gmail.com
Wed Dec 27 08:24:45 EST 2006
Vocês vão me ouvir falar muito deste exemplo, é que ele foi minha
discertação final na faculdade.
A União Européia, ao contrário dos EUA, que normalmente é o nosso
principal espelho na área educacional (refiro-me principalmente à EAD,
que é meu ramo de atuação), possui uma enorme diversidade de culturas
e interesses. Isso poderia ser um problema insuperável para a
integração total da UE, para além da puramente econômica, no entanto
eles se esforçaram para superar os problemas e descobrir onde é que
eles poderiam agir juntos.
O resultado, a meu ver, tem sido maravilhoso, pois conseguiram
respeitar as especificidades ao mesmo tempo que caminham para uma
estrutura que compatibiliza minimamente as diversas iniciativas,
coisas tradicionais e novas de cada país.
Eles conseguem discutir pontos polêmicos em educação, definir
prioridades, traçar estratégias, financiar iniciativas e avaliá-las.
Nos últimos 8 anos eles contribuiram direta e indiretamente com as
mais diversas tecnologias, teorias e metodologia, organizando
conhecimentos mutias vezes dispersos. XML, aprendizagem colaborativa,
design, mobilidade, linguagens de programação, organização escolar,
padrões abertos, software livre, etc, etc, etc...
No Brasil, os ministérios adotam um processo semelhante, sobre o qual
são definidas as políticas. No entanto, o resulto prático disso é
muito mais limitado, porque falta divulgação dos resultados, uma boa
metodologia, participação, encontros públicos, sei lá!
Enquanto na UE eles estão construindo as respostas para tudo (do
ensino fundamental à formação continuada), aqui no Brasil sobram
perguntas...
Gosto do modelo europeu, mas não dá para adotá-lo de uma hora para
outra. Daí eu fico com a estratégia da Jenny.
Links:
Definições do Conselho Europeu para a Educação em 2000 (Há outros
documentos mais recentes, mas a maioria das necessidades identificadas
nesta época resultaram em iniciativas inovadoras financiadas pela UE,
com impacto mundial)
http://www.consilium.europa.eu/ueDocs/cms_Data/docs/pressData/pt/educ/08984.p0.html
Inovação em educação na comunidade do conhecimento (IST-EU):
http://ec.europa.eu/information_society/edutra/index_en.htm
Eles estão aplicando seu sétimo programa de inovação FP7:
http://ec.europa.eu/research/fp7/understanding/index.html
Outros links eu darei em breve.
Um abraço,
Jaime.
Em 27/12/06, Info-educativa<info-educativa at melhorart.com> escreveu:
>
> Felizmente podemos perceber que não estamos sós!! Valeu Denise! Você
> conseguiu expressar muito bem o que, acredito, seja o pensamento de grande
> parte dos professores do país. Precisamos não só conhecer o projeto quanto
> conhecer as possibilidades pedagógicas de desenvolvimento e criação das
> atividades. Que o laptop é "fácil de manusear", nós sabemos, mas o problema
> está em desenvolver atividades realmente educativas e que atendam às
> necessidades da aprendizagem.
> Como você muito bem colocou:
> "Se for desse jeito, será um grande equívoco. E como não dá tempo de
> "graduar" novamente todos os que já se encontram no mercado de trabalho, a
> formação em serviço dos professores deve ser densa e contínua, junto com a
> dos meninos."
>
> Acho também que alguma iniciativa terá que partir de nós mesmos, pois não
> podemos ficar de braços cruzados esperando que as maquininhas cheguem, pra
> começar a arregaçar as mangas...
> Espero sinceramente, que exista algum planejamento em relação ao preparo
> dos professores por parte do governo...mas...enquanto isso não ocorre, quem
> pode, como nós, poucas privilegiadas, podemos correr atrás!
> Concordam???
>
> Jenny Horta
>
> Denise Vilardo escreveu:
>
> Companheiros da Lista,
>
> a gente fica lendo um pouco daqui e dali, e acompanhando a legítima
> preocupação de vocês, e que também é minha, até que tem uma hora que não dá
> mais só pra assistir...
>
> Vamos pensar juntos.
>
> Não há projeto educacional sem o envolvimento dos professores. Isso todos
> nós já sabemos. E não teremos professores preparados, devidamente
> preparados, - no caso especial que discutimos aqui, da utilização das
> pequenas máquinas - com "capacitações" rápidas e pontuais... com remendos
> de formação. Se for desse jeito, será um grande equívoco. E como não dá
> tempo de "graduar" novamente todos os que já se encontram no mercado de
> trabalho, a formação em serviço dos professores deve ser densa e contínua,
> junto com a dos meninos. E a revisão curricular dos cursos de Formação de
> Professores é urgentíssima (e, por falar nisso, não creio que a Academia
> esteja preparada pra essa tarefa). A reforma curricular, tanto para a
> Educação Básica, quanto para as Licenciaturas tem que ser radical, visceral
> (de virar as tripas, mesmo...). Não se trata de acrescentar mais uma
> disciplina chamada "Tecnologia Educacional"...
>
> Imaginem o trabalho que temos pela frente: utilizar a tecnologia a nosso
> favor, de maneira a realmente socializarmos e produzirmos informação e
> conhecimento, buscando qualidade e conseqüente melhorias para todos, de
> maneira compartilhada. Não é simples! Não se trata de ensinar os professores
> a lidarem com os computadores. É mil vezes mais que isso! É mudança de
> atitude em relação à vida! Nova forma de se conceber o conhecimento, a
> ciência, a cultura. É o professor sem certezas, sem verdades, apenas pronto
> para o vir-a-ser.
>
> Por isso não dá pra remendar...
>
> Não podemos esquecer que o professor é também produtor de conhecimento. Ele
> também tem que pensar e criar, e se sentir desafiado, senão ele acaba se
> percebendo apenas como um "orientador de tarefas a serem realizadas, e que
> foram pensadas previamente por outros"; e aí não há compromisso, nem
> responsabilidade pelo processo, uma vez que ele é só o cara que "aplica
> técnicas e segue roteiros". A "máquina de aprender" não pode ter receita.
> Ela é potencial, provocando potenciais. Essa concepção deve estar atrelada à
> escolha dos softwares que serão utilizados.
>
> Lembremos, ainda, que não há salto qualitativo educacional sem que se
> queira que isso ocorra. Portanto, tem que haver vontade política. E, por
> favor, não dá pra falar em falta de verba pra Educação! Dá pra falar em
> verba mal utilizada, em desvio da verba da Educação pra outra "prioridade",
> em incompetência no gastar, mas não em falta. A maioria dos municípios
> brasileiros devolve recursos financeiros - para capacitação de professores -
> todos os anos ao Governo Federal, porque não consegue gastar... Todos os
> milhões despendidos anualmente em livros didáticos, vão pro ralo, uma vez
> que que encontramos milhares deles "guardados" nos almoxarifados das
> escolas, sendo corroídos pelas traças... Se não se realizar um trabalho
> muito sério com os professores, corremos o risco de, brevemente,
> encontrarmos laptops também guardados, sem chegar nas mãos dos meninos, pra
> não estragar...
>
> Já disse algumas vezes na lista do "laptop100 - commits - request", o que
> vou repetir agora: tem que haver um "Plano de Educação" para esse país! O
> que queremos, onde e como queremos chegar, qual o tipo de sociedade que se
> deseja. É trabalho ideológico, mesmo! Por enquanto, estamos apenas colhendo
> os frutos do descaso, da falta de preparo, do descompromisso.
>
> Estamos diante de uma grande oportunidade, de poder virar esse jogo, nesse
> momento em que tantas novas mudanças são necessárias. E fazer História,
> redefinir os rumos e reconstruir o que está por aí. Podemos começar por aqui
> mesmo, ampliando essa discussão na própria web, aproveitando para "treinar"
> essa forma de construir coletivamente.
>
> Podemos fazer de conta que estamos saindo de uma guerra e precisamos
> reorganizar e reformar tudo... (acho que nem será muito difícil imaginarmos
> isso, né?)
>
>
> Abraço fraterno
>
> Denise Vilardo
> Professora - Rio de Janeiro
>
> ________________________________
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> Brasil mailing list
> Brasil at laptop.org
> http://mailman.laptop.org/mailman/listinfo/brasil
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Jaime Balbino Gonçalves da Silva
Designer Instrucional e Consultor em sistemas de ensino
Gestão, automação e adaptação em EAD
Pedagogo e Técnico em Eletrônica
Campinas, SP - Brasil
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