[OLPC Brasil] Pedagogia no XO (e em outras tecnologias)
Jaime Balbino
jaimebalb at gmail.com
Tue Dec 26 11:13:35 EST 2006
Pessoal,
Após uma sobrecarga de análises político-econômicas e jornalísticas,
houve um feliz aumento dos questionamentos quanto aos aspectos
pedagógicos dos laptops para crianças.
Eu, particularmente, divido esta questão em três partes:
1. Currículo. Atividades lúdicas e de cunho extritamente didático (em
sala-de-aula e fora dela - curriculares e extra-curriculares) e
avaliação. Sempre relacionado com a rotina dos alunos.
2. Gestão local do ensino. Organização do tabalho da escola e, em
especial, do professor. Avaliaçãod o trabalho pedagógico. Registro e
compartilhamento de experiências, localização, mapeamento, "taxonomia"
e divulgação das "boas práticas".
3. Usos não relacionados direta ou indiretamente ao ensino. Afinal, o
laptop pertence ao aluno e será utilizado em outros momentos de sua
rotina, e na rotina da comunidade. Jogos, chats, tarefas domésticas e
comunitárias, etc... Esta é com certeza o aspecto mais polêmico,
intrínseco à mobilidade que ele proporciona mas que depende de
posicionamento político e da organização social para ocorrer.
Para o (1). O construtivismo/construcionismo e a aprendizagem
colaborativa baseada no sócio-construtivismo são as duas principais
bases teórico-práticas do XO. Elas oferecem estruturas sólidas para
guiar a construção de atividades, seus objetivos e sua avaliação.
Também favorecem a construção de softwares e equipamentos focados no
ensino. Congressos. livros e sites dão os resultados de seus trabalhos
a décadas. E a própria OLPC é resultado das possibilidades abertas por
estas pesquisas. Não há "vácuo" pedagógico no XO, o que há é
desconhecimento dos territórios onde esta pedagogia floresce e um
estranho receio de fazer a pergunta certa: que não é "que atividades
posso fazer com o XO?", como um manual, e sim "como devo estruturar
atividades para o XO?' (motivação, objetivos, estratégias e
avaliação).
Para o (2). Corrijam-me se eu estiver errado, mas não vejo no Brasil,
pelo menos no âmbito oficial, estruturas teórico-práticas
descentralizadas de gestão do ensino que dêem conta de responder a
esta demanda organizacional da escola, isto é, menos burocrática e
mais pragmática. Esta não é uma lacuna exclusivamente nossa. A União
Européia teve que fazer um esforço consciente para encontrar tais
respostas e começar a construir uma estrutura de administração escolar
mais eficiente e centrada no conhecimento (e não na matéria). Seus
trabalhos deveriam ser objeto de estudo aprofundado pelos nossos
pesquisadores.
Para o (3)... Bem, não cabe a nós dizer o que fazer com aquilo que não
é seu. A criança, seus pais e a comunidade local regulam tais usos
para além da escola. Problemas existiram, é claro, mas não sei se a
melhor estratégia é fugir deles, ou adiá-los.
Um abraço e feliz ano novo,
Jaime Balbino Gonçalves da Silva
http://www.dicas-l.com.br/educacao_tecnologia
Learning Designer e Consultor em sistemas de ensino
Gestão, automação e adaptação em EAD
Pedagogo e Técnico em Eletrônica
Campinas, SP - Brasil
jaimebalb at gmail.com
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