[OLPC Brasil] Santo de casa faz milagre - Publicado no BITES hoje

marta caputo mvcaputo at yahoo.com.br
Wed Dec 6 08:49:37 EST 2006


FONTE: http://www.bites.com.br/
   
  Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) liderados pelo professor Eduardo Morgado projetou uma máquina tão barata quanto o laptop de US$ 100 do pesquisador americano Nicholas  Negroponte. Batizado de Cowboy – o nome original do projeto era caipira, mas sua sonoridade em inglês era péssima – o equipamento é menor que um laptop, funciona com uma versão mais simples do sistema operacional Windows e tem capacidade de processamento semelhante a um PC Pentium 3. E mais. O produto da Unesp acessa a internet sem fio e a rede de dados utilizada pela telefonia celular tradicional, conhecida como GPRS. O custo de produção do protótipo não ultrapassou US$ 250. Em escala industrial esse valor pode ficar bem inferior a US$ 200 por unidade e bem próxima daquela proposta feita por Negroponte a vários governo, incluindo o brasileiro. “Não queríamos reinventar a roda”, diz o professor Morgado. “Fomos ao mercado e descobrimos componentes que já existiam e juntamos
 tudo no Cowboy.” O projeto da Unesp aparece no momento em que o governo federal parece ter feito sua opção pela ferramenta que levará a inclusão digital a todos os cantos do Brasil. O presidente Lula e sua equipe estão encantados com a proposta de Negroponte, que tem no currículo o fato de ser professor do prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Há duas semanas na sua última passagem por Brasília Negroponte entregou o protótipo ao presidente Lula que se deixou fotografar sorridente ao lado da máquina e do seu criador. O pesquisador do MIT espera que o Brasil encomende um lote 1 milhão de unidades do seu laptop que vai custar em torno de US$ 150 (a promessa de vendê-lo por US$ 100 fica cada dia mais distante.). O projeto só sairá do papel se o total de pedidos atingir a cifra de até 10 milhões de unidades pagas pelos governos. É indiscutível a capacidade de Negroponte de acessar dirigentes de vários países que se debatem com o problema da inclusão digital. Ele
 reúne no mesmo discurso variáveis que chamam atenção de qualquer governante preocupado com o retorno político das suas ações: crianças, educação, inclusão social e digital. Há também o sistema operacional Linux que estará dentro de cada One Laptop Per Child (Um laptop por criança), o nome do projeto e da ONG criada pelo americano para viabilizar sua iniciativa. Ao lado de Negroponte estão marcas bem conhecida que lucrarão com as vendas. O chip é da AMD e quem fabricará os equipamentos será a empresa Quanta de Taiwan. “Existe um grande negócio por trás dessa hipótese a ser provada”, afirma Fábio Costa, presidente da consultoria em negócios tecnológicos e convergência digital TC2. “Não adianta espalhar computadores pelo País sem a infra-estrutura necessária para ofertar acesso as crianças. Acesso vem primeiro” Esse é o problema do computador de Negroponte. Ele prevê acesso à internet como diferencial, mas nesse aspecto o Brasil está engatinhando. Mesmo assim, o governo
 federal montou um grupo de estudo para avaliar o projeto. 
    Na contramão dessa simpatia declarada por Negroponte a turma da Unesp vai construindo a sua proposta. O cowboy tem características similares ao One Laptop Per Child. É pequeno, reconhece máquinas iguais quando está em rede e tem acesso sem fio. A diferença básica está no sistema operacional. O professor Morgado e seus auxiliares escolheram a versão mais simples do Windows por um simples motivo: o mundo é Windows. Adversários ou não ao software da Microsoft concordam que o Linux ainda não se firmou como uma alternativa econômica viável no mundo dos usuários comuns de computadores  – a exceção ocorre no ambiente corporativo. Experiências de vender PC’s com Linux para o consumidor final no Brasil se mostraram desastrosas. Os clientes pagaram mais barato pelo equipamento e ao chegar em casa jogaram o Linux fora e colocaram um Windows pirata. “Tecnologia se faz olhando para frente. O projeto de Negroponte se volta para trás”, afirma o professor Morgado. E aqui vale uma
 pergunta: por que tanto interesse do governo federal em escutar e festejar Negroponte sem considerar outras possibilidades? A resposta vem do empresário Carlos Rocha, dono da companhia de tecnologia Samurai e o criador da urna eletrônica, o maior sucesso tecnológico brasileiro dos últimos tempos. “Não podemos servir como plataforma de um experimento que irá gerar receitas apenas para os envolvidos diretamente no projeto.” Rocha lembra que na relação de entusiastas do pesquisador do MIT não estão os políticos de nações como a Índia e Coréia. “Nesses lugares a questão da educação não se resume a um produto ou uma tecnologia. Envolve uma discussão mais séria e aprofundada”, diz o empresário que já expôs esses pontos de vistas ao próprio Negroponte durante uma palestra em Campinas, no interior de São Paulo. Esses questionamentos fazem sentido em função do atual momento da tecnologia nacional. O exemplo da Unesp apenas ilustra as competências internas dos cientistas brasileiros
 em colocar à disposição da sociedade projetos capazes de transformar a realidade nacional. E sem qualquer posição xenófoba, o governo federal deveria escutar ou pelos menos acompanhar de perto o que acontece no seu quintal. Afinal, às vezes, santo de casa também faz milagres.


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