[OLPC Brasil] UCA Brasil: ausência de padrões de hardware e software

Jaime Balbino jaimebalb at gmail.com
Sun Feb 24 17:19:39 EST 2008


Há vantagens e desvantagens, Alexandre.

Do ponto de vista pedagógico, num país com as dimensões e a população
escolar do Brasil, a variedade pode trazer benefícios para a
aproximação com a cultura regional, principalmente se as práticas
forem serem construídas localmente.

Eu digo "pode" porque a cultura administrativa da educação pública no
Brasil é muito centralizada. Normalmente é a Secretaria de Educação
Estadual que dita/impõem as regras, as escolas municipais tendem a
sofrer uma grande influência da SEE. Daí que esta aproximação cultural
pode ficar limitada/prejudicada (não raro as SEE compram soluções
prontas de consultores).

Do ponto de vista administrativo, ter um universo de tecnologias
definidas exclusivamente com base no menor preço do momento é
extremamente prejudicial e inviável. Ações globais ficam muito caras e
praticamente impossíveis de implementar. Com o tempo também fica cada
vez mais difícil (e caro) oferecer suporte e implementar melhorias,
sejam técnica ou práticas.

Na hora de avaliar/prestar contas, uma auditoria qualquer teria muita
dificuldade de apontar os pontos positivos e negativos. Maior
dificuldade ainda seria definir quais são as melhores práticas que
merecem ser replicadas, já que a universalização pode ficar
prejudicada pelas muitas plataformas diferentes.

Ou seja, o quadro que o José Antonio pintou do ponto de vista
pedagógico é até positivo, mas do ponto de vista administrativo e de
políticas públicas é um desastre.

Qual a solução?

Tudo depende de planejamento estatal. Se o governo federal, que é o
principal idealizador e financiador de projetos de inclusão digital
quiser centralizar as ações, mantendo somente uma parceria operacional
com os estados e municípios, deve pensar sim em minimizar as
plataformas tecnológicas.

Se a idéia for dar autonomia e descentralizar/regionalizar,
potencializando o surgimento de experiências inovadoras diferentes,
pode-se optar por definir parâmetros mínimos a serem seguidos, de
maneira a não comprometer a qualidade. Isso vai muito além do que foi
exigido no edital de dezembro.

Tudo bem que o pessoal do UCA diga que a plataforma não importa,
podendo ser XO ou Classmate... de fato em políticas públicas não
deveria importar mesmo. Mas ainda não temos parâmetros claros que
sustentem essa independência das soluções.

Também é necessário estimular a produção e registro de práticas
educacionais. Isso vai muito além do "treinamento de professores" tão
propagado. Significa estimular práticas colaborativas entre os
próprios educadores para que uma boa solução desenvolvida no Maranhão
consiga se "propagar" até o Rio de Janeiro, por exemplo, e retorne
novamente para lá com sugestões de melhorias e o registro da
experiência ocorrida.

Esse tipo de capacitação não está no horizonte das políticas de
inclusão em qualquer esfera. E isso dá a dimensão do trabalho a ser
feito.

Um abraço,
Jaime




Em 24/02/08, alexandre van de sande<alexandrevandesande at gmail.com> escreveu:
> isso é um a crítica?
>
> Pessoalmente acho que se forem experimentadas várias soluções, igamos uma
> pra cada estado, isso seria bom para o país como um todo. Claro que se cada
> cidade ou cada bairro tiver uma solução diferente pode ser esquizonfrenico,
> mas eu sou a favor de diversidade
>
>
>
> On 23/02/2008, at 21:54, José Antonio wrote:
>
> Em função do sistema brasileiro de compras públicas, estão ficando claras
> para mim algumas tendências da inclusão digital de alunos no Brasil:
>
> 1. Não se comprará apenas um tipo de aparelho. As licitações serão por
> lotes, e o vencedor de um lote não terá garantias de que vencerá outro.
> Portanto, não haverá padronização de hardware.
>
> 2. Não se unificou nem se padronizou a plataforma de software, fora o fato
> de que as chances de ser algum tipo de Linux são grandes. A utilização de
> plataformas como o Sugar, e-Learning Class (ou nenhuma) irá variar
> praticamente em cada escola ou município, dependendo do vencedor de cada
> leilão.
>
> Portanto, não se poderá pensar num projeto nacional baseado em uma só
> plataforma de desktop. Na ausência disto, cresce a importância de aplicações
> Web. Também ganharão força aplicações multiplataforma que aproveitem
> características como rede mesh. Para quem é programador, é bom ir aprendendo
> a fazer programas com as bibliotecas Qt.
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