[OLPC Brasil] Não serve qualquer iniciativa

Denise Vilardo dvilardo at gmail.com
Tue May 1 15:37:49 EDT 2007


Olá, companheiros da lista,

mais uma vez sinto uma imensa alegria por ver o envolvimento cada vez maior
de algumas pessoas da lista com as questões educativas do Projeto. Todos
sabem o quanto tenho batido nessa mesma tecla há tempos.

E, melhor ainda, quando a discussão tem por motivo as considerações sérias
de uma professora igualmente séria como a profª Léa Fagundes.

Acho que o José Antônio e o Juliano já foram bastante enfáticos e disseram o
que era necessário.

Só gostaria de acrescentar uma observação ao que foi dito pelo Vítor
(concordando que as divergências devem continuar existindo para que possamos
avançar).

E ele disse: "Neste Brasil que vivemos, o Brasil real, não o Brasil de
fóruns e discussões filosóficas, tem espaço para TODAS iniciativas. Boas ou
ruins."

Espaço há, Vítor, pra tudo nesse mundo, mas temos a responsabilidade e cada
vez mais consciência de que precisamos, sim, de discussões filosóficas, de
parâmetros ideológicos - talvez você tenha querido se referir aos âmbitos
excessivamente fechados de algumas discussões, mas esse é outro papo -
porque não existe Educação isenta de intencionalidade. E ao escolhermos essa
ou aquela vertente, estamos dizendo a que viemos e aonde queremos chegar.

São as necessárias decisões políticas, no caso, político-pedagógicas.

Por se acreditar que há espaço para qualquer iniciativa, boas ou ruins (e
essa adjetivação é absolutamente subjetiva), é que temos convivido com toda
uma gama de situações cujo resultado é o que temos, quase nada. Confundimos
instrução com Educação, sem conseguir sequer dar conta da primeira, ou
imaginando que a primeira levará à segunda... Por se acreditar que qualquer
iniciativa é válida é que se multiplicam os projetos de alfabetização, por
exemplo, onde as pessoas aprendem apenas a decodificar o código, mas não se
apropriam da leitura e da escrita, portanto, não aprendem a ler e a
escrever...

Equívocos à parte... mais uma vez reitero a idéia de que estamos diante de
uma oportunidade única, de estarmos fazendo parte de um momento histórico em
que podemos mudar o rumo do que tem sido feito até então. Essa mudança é
radical e diz respeito, sim, ao tipo de material que iremos utilizar e como
iremos utilizar, porque sabemos onde queremos chegar. Queremos uma sociedade
pensante, e para educar pessoas para pensar não serve qualquer iniciativa
dita educacional.

Decididamente, "qualquer coisa"  não serve!

É uma mudança que vislumbra um salto qualitativo na Educação do nosso país,
levando em conta tudo o que já aprendemos. É hora de sair do lugar-comum, de
fazer diferente, o que nunca foi tentado, sem medo de criarmos os nossos
próprios modelos.

Grande abraço a todos.

Denise Vilardo
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