[OLPC Brasil] Re: Brasil Digest, Vol 13, Issue 21

Denise Vilardo dvilardo at gmail.com
Sat Mar 17 22:25:23 EDT 2007


Caros companheiros Jenny e Alberto,

que bom que mais pessoas interessadas no "como" vai ser esse processo
começam a aparecer.

O desenho técnico das pequenas máquinas se não está totalmente estabelecido,
está quase...

Mas continuamos sem direção no que diz respeito à implementação do projeto
nas escolas, junto aos professores - direi pela milionésima vez - que são
peças fundamentais para o sucesso (ou "dessucesso") do próprio.

Nenhum professor vai começar a ser colaborativo, ou se tornar um mediador
entre sujeito e conhecimento só por estar diante de um computador... para
que isso ocorra - e a Jenny  está coberta de razão - é necessário que haja
um projeto comum de trabalho, que haja uma Filosofia de Educação,
pressupostos pedagógicos, embasando todo o processo.

O Alberto também tem razão quando diz que, se não cuidarmos (e eu acrescento
com muito carinho) da capacitação dos professores, eles podem se tornar um
grande entrave para o desenvolvimento do projeto.

É preciso uma mexida radical nos currículos dos cursos de Formação de
Professores (já comentei isso em outro momento, aqui mesmo. Não se trata
apenas de acrescentar uma disciplina chamada Tecnologia da Educação...),
além de atualização contínua dos que estão em serviço (também já insisti
bastante sobre isso por aqui).

Nossos professores - e toda a comunidade escolar - precisam aprender que o
acesso às máquinas é um direito deles e dos alunos, assim como aprender a
ler e a escrever! É uma questão de cidadania, de democracia, de
sobrevivência na sociedade da qual fazemos parte.

Para tanto, é preciso que haja muito investimento nas pessoas, e um primeiro
passo, que sem dúvida vem sendo negligenciado, é a informação. Estamos
lidando com as TICs, falando da sua relevância, discutindo teorias,
elaborando teses e ainda não conseguimos sequer informar ao sujeito que vai
lidar diretamente com isso, que ele vai ganhar esse presente...

Os profissionais da Educação sequer sabem da existência desse projeto, de
âmbito nacional, que irá cair em suas cabeças. Não seria, para ser bem
delicada, razoável que eles soubessem o que vem por aí? Não seria o máximo,
se eles pudessem palpitar sobre um assunto que, daqui a pouco, vai estar nas
suas mãos para eles definirem estratégias de trabalho?

Será que não conseguiríamos, com o auxílio de todos aqui da lista, organizar
um Seminário para apresentar a idéia para os professores? Precisaríamos de
local, de divulgação e de convites para as pessoas que estão diretamente
envolvidas no projeto para virem falar dele. E todos nós poderíamos
participar, com o que pudermos contribuir: palestras, oficinas etc. Não
seria uma ação governamental, nem sindical, nem acadêmica. Seriam as pessoas
que já vêm pensando sobre o assunto - de maneira privilegiada, diga-se -
propondo essa ação. Acredito que a partir de um movimento desse tipo, outros
comecem a ocorrer, porque iremos cutucar a onça...

Fica aqui a proposta.

Um grande abraço a todos

Denise Vilardo

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> Message-ID: <45F84657.3070804 at melhorart.com>
> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
>
> Caro Alberto,
> É muito bom saber que você é de Araruama! Tenho muitos amigos lá e morei
> 10 anos em Iguaba. Tenho ouvido muitos elogios á política de educação da
> prefeitura, mas não sei se é Marketing ou realidade. Se tiver material
> sobre como anda a coisa lá, me envie.
> Concordamos num ponto: A imensa maioria dos professores nem sabe ligar
> um micro. Aí fica a responsabilidade da pedagogia de Papert e Paulo
> Freire, do aprender coletivo. Mas além disso, ou por isso mesmo, ao
> ligar com seus alunos o X0 pela primeira vez, esse professor precisará
> encontrar todo o suporte necessário para poder direcionar o trabalho.
> Não dá pra conceber um "aprender coletivo" sem um tema, um projeto comum.
> Em minha escolinha, as professoras vão começar agora um curso básico,
> que organizei, pois a maioria nada conhece. Não sabem (como dizem, bater
> uma prova!). Minha simples presença quase solitária nesse grupo já é uma
> boa amostra dessa distância.
> Venho tentando trazer colegas para o grupo, mas encontro muita
> resistencia, não sei porque.
> Sobre o Orkut, ficamos apreensivos, porque, assim como na rua, muitas
> comunidades incitam à atitudes e posicionamentos negativos, como
> racismo, imprudencia, crueldade com animais e consumo de drogas. Quando
> o jovem tem uma base em casa, um diálogo, uma presença de seus pais,
> essa democracia do Orkut pode ser exercida. Meu filho, por exemplo, sabe
> de um trabalho, voluntário, de rapazes que servem de isca para descobrir
> atividades destas comunidades e muitos são agentes da PF, já receberam
> várias propostas, que vão de estelionato à prostituição...
>
> Poder ter um Orkut apenas voltado para educação, cultura e tecnologia é
> muito mais seguro e agradável. Muitas vezes, o professor, em suas 4
> horas diárias de contato com o jovem, é responsabilizado por tudo que um
> jovem faz. Sempre achei meio injusto o termo EDUCADOR, pois educar
> deveria ser a função primordial dos pais.
>
> Nossa papel é muito difícil e importante, pois há muito joio nesse
> trigo... veja: falta de professores no Estado: 4000 professores
> desviados de função: 14.000 - ainda sobram 10000!!! ou desaprendi a
> matemática elementtar??
> Nesses 14.000 temos, por exemplo: cabos eleitorais de deputados,
> vereadores etc...
> Parentes dos mesmos... secretárias em cargos de confiança...etc, etc, etc.
>
> Boa tarde a todos
> Jenny
>
> Alberto Vianna escreveu:
>
> > Melhorart Info Educativa escreveu:
> >
> >> Olá Alberto,
> >> Em primeiro lugar, gostaria saber qual é a sua cidade, onde fica?
> >> Em segundo lugar, desculpe-me perguntar, mas você se refere a
> >> "pode-se deduzir"...baseado em quê? Você conversou com algum
> >> professor? Sei que isto é o que acontece na maioria das vezes, mas
> >> deduzir não significa que seja assim: vi trabalhos maravilhosos em
> >> escolas que nunca poderia imaginar e grandes porcarias em grandes e
> >> ricas escolas particulares. No RJ por exemplo, em Vargem Grande
> >> (http://escolacomunidade.blogspot.com/), tem um trabalho maravilhoso
> >> da Andrea Poça. Este é só um deles, no Grande Rio.
> >>
> >> Reflita comigo: se o trabalho na escola com a informática fosse em
> >> geral, eficiente, não precisaríamos que o governo gastasse tanto com
> >> o XO.
> >> Mas por favor, não subestimem a figura do professor. O papel deste
> >> mudou e muito, mas ele continua sendo peça chave de qualquer
> >> aprendizagem.
> >> Jenny Horta
> >>
> >
> > Olá Jenny!
> >
> > Como vc está, tudo bem? Fiz uma visita breve ao seu blog e vi que vc é
> > professora e de Itaipu-Niterói. Vi uma breve reflexão sua sobre a
> > liberação de Orkut: "O Orkut é muito bom, sem dúvida... mas quem não
> > fica apreensivo em libera-lo durante as aulas?";vou pensar a respeito.
> >
> > Respondendo às suas perguntas:
> >
> > 1- Em primeiro lugar, gostaria saber qual é a sua cidade, onde fica?
> > Araruama/RJ(perto da sua cidade)
> >
> > 2 - Em segundo lugar, desculpe-me perguntar, mas você se refere a
> > "pode-se deduzir"...baseado em quê?
> > Baseado em algumas; e não são poucas as minhas fontes. Sou funcionário
> > municipal há 20 anos, tenho o cargo de programador de computador,
> > trabalho dentro da Sec. de Educação(atualmente faço manutenção de
> > máquinas dos laboratórios), minha esposa trabalha num "laboratório de
> > informática" e como vc já deve ter percebido, eu "fuço" bastante. Bom,
> > concorda que dá para acreditar que "dá para deduzir algo?".
> >
> > Talvez vc tenha pensado que eu deveria ter sido mais responsável, no
> > e-mail em tela,  nas minhas afirmações: afinal, parece haver uma
> > crítica implícita ao professor no que diz respeito à sua atuação no
> > contexto do qual estamos nos referindo. Se assim foi, concordo com vc.
> > Acho que há um certo desinteresse de modo geral entre os professores
> > quando o assunto é informática no processo pedagógico. É claro que
> > isto não se aplica a vc e a muitos outros, estou bem ciente disso...
> > Olha como eu sou meio "corajoso" vou fazer uma afirmação, só para nós,
> > sem medo e espero estar errado(por favor, me perdoe): "os professores"
> > serão uma grande barreira na implantação do projeto "Um computador
> > para cada criança", nas escolas públicas. Espero estar enganado.
> >
> > Sinto falta daquele que está dentro da sala de aula da escola pública
> > nas discussões a respeito do projeto UCA, na nossa lista de discussão.
> > Infelizmente estamos na estratosfera... Gostaria muito de discutir
> > sobre como se sentirá o professor quando todos os alunos de sua turma
> > chegarem com um computador e colocarem-nos sobre as carteiras: o que
> > fazer, então? HUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM.
> >
> >
> > Um grande abraço.
> > Alberto.
>
>
>
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