Re: [OLPC Brasil] Livro didático: a situação virou completamente

Tribuna do Rock.com - Frederico frederico at tribunadorock.com
Tue Dec 26 22:00:03 EST 2006


Olha, acho que ser professor no  Brasil é algo para poucos e para quem ama o
que faz, pois com a merda de salário e a falta de condições para se
trabalhar, tem que ser muito experto e ter jogo de cintura. Vendo por esse
lado, o X0 não é nada, é algo que eles tirão de letra, o computador é de
fácil manipulação e como é um esquema no Linux, com a Licença GNU, ou seja
os professores estão livres pra adaptar o conteúdo facilmente, o que temos
que fazer agora, é mobilizar a opinião pública pra pressionar o governo pra
implementar esse programa o mais rápido possível.

Frederico.

2006/12/26, Info-educativa <info-educativa at melhorart.com>:
>
>      Concordo  com muitas das suas considerações mas continuo perguntando
> qual o suporte que os "heróicos professores do interior deste nosso imenso
> país", que recebem um salário menor que o mínimo e também nunca viram um
> computador ao vivo e a cores receberão? Quem os orientará? Como se dará essa
> implantação??
> Questões sobre a revolução e como ela se dará poderão ser debatidas ao
> longo da implantação do projeto. O momento agora é de avaliação de
> possibilidades e alternativas para sua concretização, não é mesmo???
> Se tivermos professores despreparados, o laptop só servirá como substituto
> do celular e video game sofisticado???É isso que queremos?? Ou queremos
> atividades realmente criativas e uma real descoberta do aprendizado? Sem a
> figura do professor, auxiliando e orientando, muito pouco se construirá.
> Minimizar a figura do educador não é objetivo do projeto, muito menos
> dispensá-lo. Existem muitos auto-didatas, mas com certeza não é o caso da
> maioria!
> Acredito que quando você se refere à corja educacional, não se refere ao
> professor, certo??
>
> Jenny Horta
>
> Tribuna do Rock.com - Frederico escreveu:
>
> O XO é uma ferramenta dentro de uma nova concepção cultural de pedagógica,
> as pessoas tem que parar de entender o laptop como um brinquedo para
> crianças pobres. Já li cada comentário reacionário a esse respeito, do tipo
> que as crianças irão vender o laptop no sinaleiro para comprar comida, ou
> que irão roubar  e etc.
>
> Esse pensamento reacionário pode ser muito bem utilizado pelo mercado
> educacional, essa corja deve estar se contorcendo com a notícia do laptop a
> U$100.
>
> E fico muito feliz que o mercado educacional brasileiro vai ir pro saco,
> esse vermes em nada ajudaram a cultura e a educação, criaram verdadeiras
> creches para adolescente e adultos, seu ensino é descartável e inútil.
> Contra essa corja não deve haver vacilação, vão ter que se conformar em não
> lucrar mais com a educação e com o ensino.
>
> A questão do mecenato e do custo das pesquisas em nada será afetada, já
> que essa corja nunca investiu em pesquisa, que sempre liberou a verba foi o
> Estado mesmo.
>
> Somada a produção em massa de laptops populares outra questão entrará no
> debate, a que se refere aos direitos autorias e a produção cultural e
> intelectual.
>
> Segue umas observações:
>
> (i)a internet muda drasticamente a relação de produção, reprodução e
> distribuição da informação e da cultura, a idéia de livro como mero registro
> de pensamento oriundo dos tempos antigos é superada na idade média com a
> criação do codex, um registro físico de pensamento organizado com índice e
> encardenado, que por sua vez vira sinônimo de livro com a criação da
> imprensa, que agora começa a ser superada pela internet, onde a informação
> não necessita mais de um suporte físico para seu armazenamento, onde sua
> reprodução vira sinônimo de acesso, onde o livro vira sinônimo de trabalho
> intelectual criativo sistematizado como unidade, ou seja, o livro se
> transformou em sinônimo de unidade de conhecimento frente à informação
> fragmentada e incompleta que circula de forma viral no meio virtual, é dessa
> forma que iremos nos referir aos livros futuramente, iremos nos referir pela
> a sua unidade e organização;
>
> (ii)o problema do direito autoral é seu uso patrimonial que é usurpado
> pelos editores e distribuidores em detrimento ao autor, no Brasil quem mais
> viola o direito autoral são os editores e distribuidores, a ação de rapina
> dessa turma impede o acesso, mas, com a internet essa ação é prejudicada,
> pois o suporte físico permitia a rapina, não é necessário no meio virtual;
>
> (iii)deve se estar atento ao uso da palavra revolução da informação, pois
> revolução não deve ser entendida como ruptura ou desenvolvimento tecnológico
> acelerado, deve sim, ser entendida como a tomada dos meios de produção
> intelectual e cultural pelo povo, através da produção de cultura e
> conhecimento feita pelo próprio povo, sem intermediários – editores e
> distribuidores, também implica dizer que a massificação da informação e da
> cultura deve seguir uma perspectiva popular e de inclusão, caminho esse que
> o MINC tenta ensaiar, mas ainda é muito débil em suas ações, o que demonstra
> que esse processo deve ser público porque a população está tomando pra sí e
> não porque o Estado está fazendo como uma forma de política pública, o que
> também é válido, mas débil como se mostrou, além de ser um processo que
> estará sujeito a conjuntura política institucional, além de, esse mesmo
> processo ficar a mercê de ações políticas oportunistas e reformistas que tem
> caráter reacionário, mas disfarçado;
>
> (iv)a abolição da propriedade intelectual não tem nada de revolucionário e
> só dará mais poder aos distribuidores e editores, pois ficarão livre pra
> fazer o que quiserem, temos é que mudar esse conceito de propriedade, que
> deve deixar de ser pratrimonialista pra se tornar popular, público, coletivo
> e revolucionário, conceito ligado a liberdade de expressão e a personalidade
> humana;
>
> (v)a discussão dos direitos autorais deve estar ligada a discussão sobre a
> produção, reprodução e distribuição de informação e cultura, também deve
> estar ligada a destruição da hegemonia cultural, política e intelectual
> vigente, significa dizer que devemos procurar um sujeito popular de
> conhecimento;
>
> (vi)e mais importante, essa discussão deve ser travada com o povão, para
> não deixarmos que esse debate aprofunde a distância entre o povo e os
> intelectuais, temos que ver o exemplo da Editora Civilização Brasileira que
> publicou os Cadernos do Povo Brasileiro na década de 60, trazendo o debate
> sobre as reformas de base para toda a sociedade, uma experiência pioneira;
>
> (vii)e mais importante ainda, temos um fato político que mudará a relação
> da massa com o conhecimento e com a informática, esse fato são os laptops à
> U$ 100, que o governo brasileiro está implementando a idéia, mas não como
> uma forma de inclusão digital, mas como um meio de se economizar os gastos
> na educação, temos é que influenciar esse processo e ampliar o alcance desse
> computador a mais pessoas, em especial a classe popular, pois esta briga
> está sendo perdida de propósito pelo governo que não quer contrariar
> interesses contrários a inclusão digital e a democratização do acesso ao
> conhecimento.
>
>
> Frederico.
>
>
> Em 26/12/06, Paulo Drummond <ptdrumm at terra.com.br> escreveu:
> >
> >
> >  On Dec 26, 2006, at 8:25 PM, José Antonio wrote:
> >
> > On 12/26/06, Paulo Drummond <ptdrumm at terra.com.br > wrote:
> > >
> > >
> > >  On Dec 25, 2006, at 9:32 PM, José Antonio wrote:
> > >
> > > A situação está zerada. A grandes editoras de livros didáticos estão
> > > em um modelo de negócio em obsolescência, que poderá estar morto em 2016.
> > > Qualquer professor esperto vai produzir material didático a partir de AGORA
> > > (traduzindo suas aulas para um projeto Squeak, por exemplo). Se o
> > > projeto for bom, será incluído em 5 milhões de máquinas iniciais do projeto
> > > OLPC.
> > >
> > >
> > >  Traduzir suas aulas para o Squeak????? Isso é uma temeridade!!!
> > >
> > >  O Squeak / eToys é um ambiente de criação de mídia. A criança cria
> > > modelos a partir de conceitos e constrói seu conhecimento a partir do que
> > > ela produz, considerando uma interdisciplinaridade pouco encontrada em
> > > livros didáticos, e de transposição impraticável.
> > >
> >
> > Interessante! Mas digamos que eu seja um professor da primeira à oitava
> > série, com o programa atual, digamos, "conteudista". E eu tenho em mãos o
> > laptop. As crianças já estão usando e sabem operar mais que eu.
> >
> >
> >  Nmmo, será um erro crasso usar professores com formação convencional
> > como mentores de aulas com o laptop. No meu entender, ou o currículo muda
> > para adaptar-se aos novos tempos, e o professor é retreinado de acordo, ou o
> > projeto corre sérios riscos de não dar certo.
> >
> >
> > O que eu faço agora? Squeak pode ajudar?
> >
> >
> >  O professor terá que ser capacitado a usar um padrão curricular
> > diferente para aulas com laptop. O Squeak pode ajudar enormemente, desde que
> > o professor compreenda bem que ele deixou de ser o centro do conhecimento. A
> > posição de "Magister" absoluto morre.
> >
> >  Sendo Squeak um ambiente de criação, crianças e professores trabalham
> > em conjunto, lado-a-lado, modelando situações que retratam - em linguagem
> > multimediática e divertida - a prática de conceitos de matemática e ciência.
> >
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